Estou há bastante tempo a tentar descobrir por onde haverei de começar e continuo sem saber bem porque uma experiência no desconhecido nunca poderá ser descrita em 10 palavras. Pelo contrário, nunca haverão palavras suficientes.

Bem, acho que a maioria de nós só se apercebe que está quase a ir embora quando recebemos o e-mail da AFS “It’s D-Day” que inclui os últimos detalhes sobre a nossa viagem. E depois, o dia da partida. Um dia cheio de pensamentos do género “em que é que eu me meti?”, de ansiedade, de tristeza, de medo, de curiosidade, de receio, de entusiasmo – é o dia em que tudo muda. E assim, aterramos no país da nossa futura casa. No meu caso, eu não conhecia a língua, nem os costumes ou a cultura do país e também não tinha falado muito com a família de acolhimento – basicamente eu era uma desconhecida no desconhecido. Lembro-me como se fosse ontem das emoções pelas quais passei ao ir ter com a minha família, parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. Os dias passaram, muito choro, desespero, e dias felizes.

Tive que mudar de família de acolhimento e a partir daí a minha vida mudou por completo porque eles trataram-me como se fosse a filha deles a partir do primeiro minuto juntos. O desconhecido começou, aos poucos, a ser a minha nova casa. Já conseguia pedir um café em checo, ir de comboio da cidade para a minha casa (que era numa aldeia) e vice-versa sem me perder e quase chegar à Alemanha. Todos os pequenos ou grandes momentos pelos quais passei são histórias para contar.

Os 3 meses passaram a correr e quando dei por mim já eram horas de fazer a mala e despedir-me. As despedidas foram horríveis porque consegui afeiçoar-me de tal maneira à minha família e aos meus amigos que senti que deixei uma grande parte de mim na República Checa, e deixei.

Foi difícil no início até porque os checos são um povo frio, nada a ver com os portugueses, mas a partir do momento em que vais para lá com a mente aberta e sempre disposto a ultrapassar desafios e dificuldades e sair da tua zona de conforto, garanto-te que vais encontrar amigos muito facilmente. Que foi o meu caso, digo-vos com a maior sinceridade do mundo, que deixei lá amigos para a vida, pessoas impecáveis, e uma família amorosa que está à minha espera de braços abertos.

Definitivamente, uma experiência AFS, seja ela de 3 meses ou um ano, muda-nos. Voltamos com novas ideias, novas perspetivas, mais força e paciência. Voltamos uma melhor versão de nós mesmos.

Como um amigo meu me disse – “It’s hard to build a life for 17 years and leave it for 3 months but it’s much harder to build a life in 3 months and leave it forever.”

Muito obrigada AFS por esta experiência única!

Janine Gaicu
Estudante AFS 2017/2018 | Portugal – República Checa