Já são quase dois meses desde que cá estou, e tem sido uma experiência que fica mesmo para a vida! Tantas aprendizagens, um conhecer-me inexplicável e por isso tento definir, o que é fazer um ano fora?

Para mim nunca foi claro o que era esta aventura em que eu estava a embarcar, nunca ninguém me tinha dito branco no preto o que era. Diziam que ia ser difícil mas que compensa. Aviso desde já que não é nada disso, no início não é difícil, é o inferno que parece que está ali para ficar.

Na primeira semana, só se sofre, só se pensava em voltar, senti-me mais louca que um paciente do Júlio de Matos. Foi das piores coisas que já passei, mas agora quando penso nesta semana até compensou porque aprendi que tenho uma força de outro mundo, nunca pensei que fosse possível, mas percebi que o inferno continua lá por baixo pronto para te queimar quando quiser! Mas tudo isto é um teste, um teste que serve para ver a determinação que nós temos para fazer este ano.

Ser um AFS’er é aprender a acolher um novo mundo sem julgar, aprender o que de facto é a tolerância e a paciência. É ver também quem são os nossos verdadeiros amigos, quem de facto se preocupa connosco. O que também não é fácil por vezes compreender que afinal algumas pessoas que considerávamos amigos não passarem de pessoas que se diziam amigos, não é mesmo nada fácil.

As saudades, essas nem se falam… São mais que muitas e às vezes tornam tudo tão pior mas servem para perceber que de facto temos de valorizar as coisas que nunca demos o devido valor. Mas há dias mais fáceis que outros, e são esses dias que temos que aproveitar ao máximo! Naqueles que são mais difíceis e ir buscar aquela força que nem nós sabemos de onde vem e ultrapassá-los. Aprendemos a valorizar muita coisa e por vezes uma coisa por mais pequena que seja pode nos fazer o dia!

Ser um AFS’er é ser bipolar e saber lidar com isso, é aprender quem de facto sou, é conhecer me melhor que nunca, é falar sozinha, é chorar sozinha, é rir sozinha, é sentir-se sozinha, é uma sensação que só quem faz pode tentar explicar, porque conseguir já é mais difícil. Mas é conhecer pessoas de todo o mundo, conhecer uma cultura nova, é conhecer um país novo, é transformar uma família de acolhimento numa família verdadeira, é fazer novos amigos, é ser patriota, é acolher um outro país no coração, é estranhar falar português, é aprender a estar triste, é sentir-me a pessoa mais feliz do mundo. Ser AFS’er é ser grato!

Francisca Bernardino | Estudante AFS Portugal 2016/2017 | Portugal – Itália