Cinco meses na Holanda já foram e ainda cinco estão para vir.
Finalmente percebi o verdadeiro sentido da expressão “ o tempo voa”. Sempre achei essa expressão um exagero, mas a verdade é que desde que cá estou o tempo voa mesmo. Parece que foi ontem que entrei no avião para vir para cá e de repente olhamos para o calendário e já passaram cinco meses e nós nem damos por isso. Acho que quando chegamos a esta fase, em que apenas temos cinco meses pela frente, é que nos começamos a aperceber o pouco tempo que temos, o que fizemos e o que se calhar devíamos ter feito, as coisas boas e as coisas más, o tempo que não aproveitámos e o tempo que foi bem aproveitado. Esta fase, eu chamo a esta fase “a minha cabeça vai explodir”. Eu, sendo uma pessoa um tanto preguiçosa, deixo sempre tudo para o dia seguinte, acho sempre que tenho tempo para tudo, mas felizmente começo a aperceber que este não é o caminho certo.

Não aproveitar todos os segundos desde que entramos no avião, é a pior atitude que podemos ter, porque todos os segundos contam  e todas as decisões que fazemos vão tornar ou não o nosso ano incrível, tudo depende de nós.  Por isso deixo aqui um conselho para os futuros “exchange students”: um ano a viver noutro país não é imenso tempo, aliás, quando estamos cá, um ano não chega para nada, tentem aproveitar todos os segundos desde que entram no avião, estejam sempre com a atitude mais positiva que conseguirem encontrar dentro de vocês, aprendam a dar valor a tudo o que vos dão  e garanto-vos, se fizerem isso não se vão arrepender.

Claro que viver um ano fora não é sempre um paraíso e nem sempre tudo é fácil como as pessoas fazem parecer. Pelo menos falo por mim, aprender um língua nova não é nada fácil, especialmente sendo essa língua holandês. Imaginem estar num país onde não percebem a língua – a comunicação torna se cem vezes mais difícil, porque apesar de quase todas as pessoas falarem um inglês minimamente razoável, nem sempre estão dispostas a falar, o que só nos dificulta a vida. Ah, isto fez-me lembrar de outro conselho muito importante para todos os futuros “exchange students”: se forem para um país onde não conhecem a língua, antes de irem, informem-se  e estudem a língua, pelo menos tentem ter o mínimo de bases, vai ser a vossa maior ajuda.

Desde que cá estou, aprendi, vi e vivi tantas coisas, coisas que se calhar nunca teria vivido se não tivesse escolhido vir para a Holanda. Uma cultura, na minha opinião mesmo muito diferente da nossa, nos valores, nas tradições… Basicamente tudo é diferente, mesmo quando não estamos à espera, mas para isto só nos faz crescer e aprender mais dia-a-dia.

Apesar de ter passado por dias difíceis, não me arrependo de ter escolhido a Holanda, porque aliás estes dias mais difíceis fazem parte de toda esta experiência, fizeram-me crescer e ajudaram-me a aprender a ver o mundo com outros olhos.

Holanda é sem dúvida um país espetacular e tenho a sorte de poder conhecê-lo todos os dias um bocado melhor. Sem contar com o facto de ter de andar de bicicleta todos os dias para todo o lado. Sim eu sei que é muito saudável e até é divertido quando está bom tempo, mas agora com 1 grau, às 7h da manhã, chuva e vento, a ir vinte minutos para a escola garanto-vos que não é nada agradável. Mas, para além do meu ódio a bicicletas que criei cá, não é isso que me faz ficar arrependida de ter tomado a decisão de entrar nesta enorme aventura, porque às vezes até sabe bem um passeio de bicicleta quando está bom tempo.

Uma grande vantagem de fazer AFS num país pequeno são os amigos do AFS. Normalmente em países grandes como os EUA, é difícil manter a ligação com as pessoas do AFS. Aqui temos a facilidade e oportunidade de nos vermos quase todos os fins-de-semana e viajarmos por toda a Holanda. Sinto que já viajei e conheci mais a Holanda do que conheço Portugal.  Estas pessoas que conheci através do AFS são provavelmente as pessoas mais espetaculares que já conheci, pessoas de todos os cantos do mundo que acabam por ser iguais a nós e são também o nosso maior apoio porque são as únicas pessoas que estão a passar exatamente o mesmo que nós.

Concluindo, se estiverem indecisos ou por alguma razão não entraram no país que escolherem em primeira hipótese, tentem encontrar um país diferente, um país que não conhecem e que gostavam de conhecer e, se têm medo da língua, não se preocupem porque como já vos disse com dedicação e esforço nada é impossível e acreditem que no fim todo este esforço vale a pena!

Teresa Azevedo; estudante AFS 2014/2015, Holanda