Tínhamos definido que o ano de 2017/18 seria um ano de pausa na nossa história de acolhimentos. Após acolher uma criança da Guiné com problemas de saúde e uma estudante Tailandesa, durante 9 meses, através da AFS, achamos que precisávamos de algum tempo para nos organizarmos. Tínhamos mudado de casa e precisávamos de nos ajustar como família de forma a acolher novamente. No entanto oferecemos-nos para família de emergência caso algum aluno precisasse de apoio temporário. Sou também voluntária de contacto na zona de Mafra e tinha alguns alunos e famílias ao meu encargo.

Mas há coisas que estão destinadas e a nossa relação com a Sofia estava escrita.

Recebemos uma mensagem a dizer que existiam duas estudantes em processo de mudança de família. Informei a AFS que estaríamos disponíveis para acolher temporariamente uma delas. Fui ver os perfis e o primeiro que abri foi o da Sofia. Não foi preciso mais nada, tinha de ser ela. Tudo encaixava. Ama o mar e gosta de fazer surf. Moramos na Ericeira por isso nem pensei duas vezes e nem abri o perfil da outra estudante.

Nesse fim de semana fomos buscar a Sofia e desde os primeiros momentos na viagem para casa que tudo foi simples e natural. Parecia que estava connosco desde sempre e que nos conhecíamos faz muito tempo.

Nos 8 meses que esteve connosco nunca houve um conflito, uma questão a resolver ou algo que tivesse que lhe apontar. Super afável, meiga, alegre, educada, respeitadora, brincalhona e responsável foi uma aluna aplicada e sempre correta. Aprendeu a falar e escrever fluente e corretamente o português, integrou-se na comunidade muito bem, criou amizades em vários pontos. Funcionou como a adolescente que é mas sempre super correta e responsável. Teve aulas de surf. Aprendemos mais sobre a cultura Italiana, a qual se assemelha muito à nossa. Adoram comer, se bem que a Sofia diz que os Portugueses comem mais. Não estranhou a nossa cultura.

O nosso filho Pedro afeiçoou-se muito a ela, tal como a uma irmã, e a Sofia também ao Pedro.

Estas experiências são fantásticas para nós adultos que crescemos cultural e emocionalmente mas para as crianças são ainda mais enriquecedoras. A partilha cultural é imensamente benéfica para ambos os lados.

Sempre muito à vontade connosco e em casa, o bom ambiente, brincadeiras e cumplicidade foram sempre uma constante. Passou rápido demais.

Conquistou-nos e aos nossos corações e deles não sairá mais. Esta será para sempre a sua casa, a sua segunda família. Terá sempre a porta aberta e voltará sempre que queira.

Não trocava estas experiências por nada e aconselho a todas as famílias que acolham.

Mafalda M.
Família de Acolhimento de uma estudante de Itália
2017/18, Ericeira