Já passaram dois anos desde que embarquei na aventura da minha vida. Sim, foi A AVENTURA! Aquela que nem por um instante questionei ou hesitei embarcar. Aquela que hoje, digo de peito cheio, ter sido uma das melhores da minha vida, se não a melhor. Aquela que sempre recordarei com a maior nostalgia sempre que sentir o sabor amargo do «mate» na minha boca, ou o doce do «dulce de leche» que alegrava as minhas tardes. Aquela que jamais esquecerei. Dois anos passaram e parece que foi ontem que pisei pela primeira vez as ruas daquela que hoje chamo de minha segunda casa. Chos Malal é o nome da cidade que tão bem me acolheu nos onze meses em que lá vivi. Uma cidade no sul da Argentina que faz parte da Província (distrito) de Neuquén – uma das províncias que constitui a Patagónia Argentina.

É surreal pensar que mesmo cruzando o Atlântico me iria sentir em casa, iria sentir o amor e o carinho de desconhecidos como nunca antes tinha sentido. As palavras amigas, o toque e o cheiro do «asado» sempre que chegava a casa dos meus avós, aos domingos, e que era o motivo que levava toda a família em torno de uma mesa onde as gargalhadas e a boa disposição não faltavam. Ai se eu pudesse voltar, nem que por um instante. Passear junto ao rio e sentir o vento, saborear a liberdade e pensar que é ao mundo que eu pertenço!

Há umas semanas recebi a visita de um casal amigo da minha família argentina. Excelentes pessoas que sempre me tratavam e recebiam em sua casa com o maior carinho possível. Amigos esses que agora tive o privilégio de mostrar um bocadinho daquilo que é nosso. Encontrámo-nos em Aveiro porque é a cidade onde estudo e aí recorremos tudo o que havia para recorrer. Desde os parques, à ria onde navegam os moliceiros como que em sintonia, não esquecendo o senhor e rei da cidade dos canais – os ovos moles. Foi ótimo tê-los por perto, poder falar e ouvir o castelhano que só os Argentinos sabem falar. Poder rir, partilhar e lembrar o que foi vivido outrora e que agora deixa nada mais que saudade no meu coração.

O azul, o branco e o amarelo ficarão para sempre marcados em mim. Farão parte do meu ser e acompanhar-me-ão cá dentro, pois o tremendo impacto que este país, estas pessoas e esta experiência teve em mim, jamais se desvanecerá!

João Antunes
Estudante AFS de Portugal
2018, Aveiro