Chamo-me Sílvia e soube da Intercultura e do Programa AFS em 1995. Em 1996/1997 acolhi um estudante americano. Em 1997/1998 o meu filho mais velho fez o Programa AFS. Em 1998 acolhi um estudante norueguês durante 2 meses. Em 1999 acolhi um estudante paraguaio durante 2 semanas. Em 2000/2001 foi a vez do meu filho mais novo fazer também o Programa.
Ao longo destes anos tenho também acompanhado diversos estudantes e famílias de acolhimento, como conselheira. Em apoio ao aconselhamento já acolhi temporariamente muitos estudantes, pelo que não consigo fazer-vos um relato exacto das diversas situações.
Por razões logísticas, até ao momento não me tinha sido possível acolher uma rapariga. Agora que todas as condições se reuniram, decidi actualizar a minha ficha de inscrição como família de acolhimento e escolher uma estudante. Neste momento já começámos a trocar e-mails e já começo a sentir que tenho uma “filha”.
Esta situação reaviva as minhas memórias sobre o acolhimento e são essas memórias que quero partilhar convosco.
Estamos em Maio. Os estudantes que chegarão em Setembro já foram seleccionados há alguns meses e têm vindo a fazer a sua preparação para esta experiência radical, que já tem mais de 50 anos de história em dezenas de países no mundo. Desde o início tentam gerir o receio e o entusiasmo em participar. À medida que o tempo corre, cresce a expectativa de saber quem será a sua família de acolhimento. Depois começam a chegar as primeiras colocações; a felicidade dos que estão colocados contrasta com as dúvidas dos que esperam todos os dias pelas informações sobre a sua nova família.
Dos pais de envio nem vos falo! Mandamos a informação sobre o nosso filho e ficamos à espera do veredicto. Quem será a família? Onde é que ele vai ficar? Depois começam os telefonemas dos amigos que conheceram nos campos: Eu já tenho família! …
Pessoalmente conheço as duas situações-limite: o meu filho mais velho foi colocado numa família temporária na semana antes da partida e o meu filho mais novo teve uma família permanente em Maio. Como mãe e como conselheira posso dizer-vos que os contactos pré-partida são muito importantes para começar a estabelecer laços que darão frutos durante todo o ano.
Também como voluntária faço sempre um apelo às famílias para que se decidam atempadamente, quer quanto ao acolhimento em si, quer quanto ao estudante a acolher. A reacção típica das famílias é: mas ainda falta muito para eles virem! Espero que, depois da leitura deste texto que já vai mais longo do que desejaria, ultrapassem as vossas indecisões.
Além disso,agora há muitos estudantes disponíveis e podemos escolher aquele que nos chamou a atenção porque … De que é que estão à espera? Por mim já decidi e a minha filha já ninguém escolhe!

Sílvia Fragoso, família de acolhimento e voluntária do Núcleo AFS da Costa Azul